quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Educação Popular - Do sistema Paulo Freire aos IPMs da ditadura

Educação Popular - Do sistema Paulo Freire aos IPMs da ditadura, Afonso Celso Scocuglia, Editora Cortez, 2001, capa brochura, 205 páginas, 254gr.

::: Ao longo da história, escravos, trabalhadores e subalternos foram durante muito tempo impedidos de aprender a ler e reprimidos quando desobedeciam às ordens de quem domina. Para Alberto Manguel, "os livros têm sido a maldição das ditaduras". Desse modo, os ditadores e outros detentores arbitrários do poder "acreditavam firmemente no poder da palavra escrita". Sabiam que "este leitor tem agora a possibilidade de refletir sobre a frase, de agir sobre ela, de lhe dar significado". Por este motivo "ler tinha de ser proibido". Afinal, assinala Manguel, "como séculos de ditadores souberam, uma multidão analfabeta é mais fácil de dominar".

Nas páginas deste livro o leitor irá se deparar com esta insólita realidade. Afonso Celso Scocuglia, ao tomar como referencial empírico da sua pesquisa sobre a Ceplar, milhares e milhares de páginas arquivadas no Superior Tribunal Militar, abre uma senda nova de investigação sobre a educação popular em nosso país, qual seja: de que forma os dispositivos discursivos contidos nos inquéritos acerca da educação e dos educadores se prestaram a efetuar uma justificação racional do Estado de Segurança Nacional. Ao mesmo tempo, demonstra o pioneirismo da Ceplar ao empregar o método de Paulo Freire em 1962, um ano antes, portanto, da experiência de Angicos e, no pós-1964, torna evidente o surgimento de um antípoda bem ao gosto das forças regressivas: a Cruzada ABC.
José Willington Germano :::

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